Quando falamos em dispositivos de elevação “abaixo do gancho” (balancins, ganchos C, tenazes, spreaders, etc.), a engenharia não começa no desenho — começa no enquadramento correto. Antes de dimensionar chapas, soldas e pinos, é preciso definir quanto esforço o equipamento sofrerá e quantos ciclos de uso terá ao longo da vida útil.
É exatamente isso que a ASME BTH-1 organiza por meio de dois critérios: Categoria de Projeto e Classe de Serviço.
1) Categoria de Projeto (ASME BTH-1)
A Categoria de Projeto posiciona o dispositivo conforme a previsibilidade do carregamento e do ambiente de trabalho:
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Categoria A – Condições previsíveis, cargas bem definidas.
Usos com variações pequenas, operações padronizadas, cenários controlados.
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Categoria B – Condições variáveis ou severas.
Aplicações com maior incerteza de carga, choques, mudanças frequentes de setup, ambiente agressivo ou uso intensivo.
Por que isso importa?
A categoria influencia o enquadramento de projeto, que por sua vez orienta decisões de engenharia e controle de qualidade, impactando diretamente fatores de segurança, inspeções e a vida útil projetada.
2) Classe de Serviço (ASME BTH-1)
A Classe de Serviço classifica o número total de ciclos esperados para o dispositivo ao longo de sua vida.
Classe |
Ciclos totais previstos |
Classe 0 |
até 20.000 ciclos |
Classe 1 |
até 100.000 ciclos |
Classe 2 |
até 500.000 ciclos |
Classe 3 |
até 2.000.000 ciclos |
Classe 4 |
acima de 2.000.000 ciclos |
Como usar na prática?
Estime, com base no turno de trabalho e na frequência de içamentos, quantos ciclos o equipamento terá por semana/mês/ano e projete para todo o horizonte de vida planejado.
3) O que o enquadramento define
Segundo a ASME BTH-1, o correto enquadramento em Categoria de Projeto e Classe de Serviço orienta aspectos críticos do ciclo de vida do dispositivo:
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Fator de segurança adequado ao risco e às condições de uso.
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Tipo e periodicidade de inspeção (rotina operacional, periódica e especial).
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Vida útil projetada coerente com a severidade e o volume de ciclos.
Em outras palavras, enquadrar bem não é burocracia: é o que sustenta segurança, durabilidade e custo total de propriedade previsível.
4) Exemplos de raciocínio de enquadramento
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Linha de produção estável com cargas padronizadas e ambiente controlado → tendência a Categoria A. A classe será definida pela contagem de ciclos (ex.: trocas a cada poucos minutos em 3 turnos podem elevar a classe).
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Aplicação com variações de peso, CG mutável e operação ao ar livre (vento, poeira, umidade), além de trocas frequentes de setup → tendência a Categoria B. Se o ritmo for alto e contínuo, a Classe também sobe.
Dica prática: registre seus ciclos por período (ex.: içamentos/dia) e formalize mudanças de processo. Isso facilita revisões de classe, inspeções e recertificações.
5) Passo a passo para quem vai especificar ou recertificar
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Mapeie as cargas: faixas de peso, variações do centro de gravidade e eventuais impactos/choques.
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Caracterize o ambiente: interno/externo, temperatura, contaminantes, umidade, vibração.
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Conte os ciclos: por hora/dia/semana e projete para toda a vida útil.
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Enquadre: defina Categoria de Projeto (A ou B) e Classe de Serviço (0 a 4).
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Documente: mantenha o histórico de uso, inspeções e ajustes de processo.
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Aplique o plano de inspeções compatível com o enquadramento.
Veja também:
Por que a recertificação de dispositivos de elevação é vital para a segurança operacional?Corte de Chapa – Novo Serviço Max-CraneChecklist de Segurança Antes do Primeiro Içamento com Balancim Travessa
Considerações finais
A Categoria de Projeto (A/B) e a Classe de Serviço (0 a 4) são a base do dimensionamento e da gestão do ciclo de vida dos dispositivos “abaixo do gancho” conforme a ASME BTH-1. Esse enquadramento é o que direciona fator de segurança, inspeções e vida útil projetada, preservando segurança operacional e produtividade.
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